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Falar é a união de som vocal, movimentos articulatórios e pensamento. É uma das formas de comunicação que utilizamos para expressar nossas ideias e sentimentos. Mas se comunicar vai além, e a relação entre linguagem oral e linguagem escrita é muito maior do que se imagina.

Nosso sistema de escrita, tem como base o Princípio Alfabético, o que significa que a linguagem escrita é uma representação da nossa linguagem oral. Sendo assim, letras representam sons e sons são representados por letras.

Para o sucesso do processo de alfabetização, estar com desenvolvimento de fala adequado é de extrema importância, para que no momento de associação dos sons da fala com as letras aprendidas, o aluno possa estabelecer essas relações corretamente, já que inicialmente se apoiará na própria fala para escrever. Se houver alterações de fala durante este processo, muito provavelmente, esse escolar poderá escrever de forma errada, principalmente na escrita espontânea, onde acabará por escrever conforme fala.

Além disso, falar corretamente, não é o único aspecto da linguagem oral que permeia o aprendizado. Manipular os sons da fala, sabendo rimar, realizando aliterações e segmentando vocábulos, gera o que chamamos de “domínio da palavra”. Quanto maior for o domínio dos aspectos sonoros da língua, melhor e mais fácil será o desempenho do escolar na Alfabetização. Portanto, estimular o desenvolvimento da consciência fonológica desde a educação Infantil, é um dos segredos para um bom desempenho.

Linguagem oral tem sua complexidade e sua ligação com a leitura e escrita, vai além das letras e sons. Aspectos como organização adequada de frases e discursos, prosódia, vocabulário, ritmo e compreensão, estão presentes desde a leitura de palavras simples, até a leitura de textos longos, cheios de inferências a serem realizadas.

Todo bom leitor, com capacidade adequada de interpretação e raciocínio, tem uma boa base de linguagem oral. Veja abaixo alguns aspectos que estão presentes na linguagem oral e na linguagem escrita:

Sons: Os sons da fala são representados pelas letras. Para aprender a ler e escrever, partimos do estabelecimento das relações entre fonemas e grafemas.

Sintaxe: Se falarmos de forma desorganizada, não seremos compreendidos, assim também é na linguagem escrita. Não podemos colocar verbos, substantivos, artigos, pronomes e demais elementos linguísticos dispostos de qualquer maneira na elaboração de uma frase.

Vocabulário: Tudo que falamos e ouvimos tem um significado, uma representação funcional memorizada em nosso cérebro. Eu só consigo expressar minhas ideias, porque tenho um “banco de dados” à minha disposição, e é acessando esses significados que sou capaz de compreender o que estou ouvindo. Para escrever um pensamento ou ler e compreender o que estou lendo, utilizo meu vocabulário o tempo todo.

Pragmática: O uso correto da linguagem, de acordo com o ambiente e o compartilhar com o outro, é uma habilidade de linguagem oral que favorece o processo de aprendizagem. Os diálogos nas histórias são repletos dela. É com ela também que entendemos que tipo de escrita utilizar, dependendo o objetivo ou a quem estamos nos dirigindo. Não escrevemos uma mensagem no whatsap para nosso amigo, da mesma forma que enviamos um e-mail ao nosso chefe, não é mesmo?

Existem outros aspectos, mas vamos deixar para outros posts, onde poderemos nos aprofundar uma pouco mais. Por ora, o importante é que fique claro a importância do desenvolvimento da Linguagem oral para o processo de alfabetização e aprendizagem como um todo.

Por Daniela Borges Ultramare

Fonoaudióloga Educacional, sócia-diretora da Plataforma Fono Educacional