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Aprender a ler e escrever é um processo complexo, que depende de diversos fatores, entre eles o desenvolvimento e bom desempenho das Habilidades Preditoras da Alfabetização.

Ler é basicamente a união de estímulos visuais com estímulos sonoros, organizados e sequencializados entre si, formando as sílabas, palavras, frases e textos. Para que a “máquina da leitura” funcione e se aperfeiçoe resultando em leitores proficientes, precisamos garantir que o processo de decodificação (leitura) não falhe, para que assim, o escolar se preocupe apenas com a compreensão do que está lendo.

Para garantir esse sucesso, estimular e intervir com as habilidades preditoras da alfabetização deve estar no planejamento pedagógico, já na educação Infantil, dando continuidade nos anos iniciais da Alfabetização. Vamos entender abaixo quais são e como funcionam essas habilidades:

Habilidades Metafonológicas

Mais conhecida como habilidade de Consciência Fonológica, está ligada à nossa capacidade de pensar sobre os sons da nossa própria língua. É o que nos permite rimar, aliterar, segmentar as frases em palavras, as palavras em sílabas e as sílabas em fonemas. Nos torna capazes de manipular os sons da fala e perceber suas particularidades, suas proximidades sonoras e suas diferenças.

E por que é importante desenvolver consciência fonológica para leitura e escrita?

Nosso sistema de escrita tem como base o princípio alfabético, ou seja, nossas letras representam os sons da nossa fala. Quanto maior for o domínio dos sons da língua, maior será a facilidade com que essas relações entre fonemas e grafemas se estabelecerão e isso facilitará a decodificação e a compreensão da nossa ortografia.

Vocabulário

Vocabulário, explicado de forma simplificada, refere-se ao número de palavras que nós reconhecemos e compreendemos o significado e funcionalidade. Desde bebês, essa habilidade já está presente e podemos observá-la quando mesmo com meses, ainda sem saber falar, a criança é capaz de reconhecer e compreender tudo ao seu redor, podendo obedecer comandos simples como “bater palmas”, “dar tchau”. Podemos dizer que é o nosso “banco de dados” para interpretação do mundo ao nosso redor.

Seu bom desenvolvimento depende de um ambiente facilitador, e aqui cabe reforçar a importância do ambiente educacional para estimular esse desenvolvimento.

E o que o Vocabulário tem a ver com a Leitura e escrita?

Enquanto lemos estamos acessando esse “banco de dados” o tempo todo. Assim como formamos memórias dos objetos, das pessoas e de suas funções, formamos também memórias visuais das palavras com acesso direto ao significado. Quanto maior e melhor meu vocabulário, melhor será minha capacidade de compreensão textual e automaticamente de produção textual.

Memória Operacional Fonológica

Você já deve ter ouvido falar em memória operacional. A memória operacional, conhecida também como memória de trabalho, é responsável por manipular as informações novas, correlacionando essas informações com nossas memórias de longo prazo, na execução de uma determinada tarefa. E através da repetição dos estímulos, ela pode armazenar as novas informações na memória de longo prazo.

Memória Operacional Fonológica, é a memória de trabalho específica para as informações fonológicas, ou seja, informações sonoras da nosso língua.

E como ela trabalha durante a leitura?

Enquanto nosso cérebro relaciona os estímulos visuais (letras), com os sons da fala (fonemas), dando sonoridade às palavras enquanto lemos, quem manipula essas informações é a Memória Operacional Fonológica.

Velocidade de Acesso ao Léxico Mental

Para entendermos o que significa essa habilidade, precisamos entender o que é Léxico Mental. Léxico Mental nada mais é do o nosso vocabulário, nosso “banco de dados” de significados que acessamos o tempo todo durante a leitura e escrita.

Sendo assim, velocidade de acesso ao léxico mental, é a velocidade com que acessamos a informação no nosso cérebro. Refere-se à nossa capacidade de nomear rapidamente figuras, números, letras, cores, palavras, sem perder a fluência e qualidade de nomeação.

E como essa habilidade interfere na Alfabetização?

Quanto mais eficiente em nomeação um escolar for, mais fluente em leitura ele será e poderá acessar os significados com facilidade, garantindo uma maior compreensão de leitura.

O objetivo desse artigo é trazer de forma simples e objetiva, quais são as habilidades preditoras da Alfabetização e como elas influenciam esse processo. Porém, é preciso um aprofundamento maior em cada uma delas, principalmente nas práticas que podem e devem ser incluídas na rotina educacional, como ferramentas de produtividade ao educador e alunos.

Por Daniela Borges Ultramare

Fonoaudióloga Educacional, sócia-diretora da Plataforma Fono Educacional